quinta-feira, dezembro 26, 2013

O OLHAR QUE SE DESCOBRE


Lemos e falamos tanto da amizade, chamamos todos aqueles que nos rodeiam por amigos, mas consideramo-los realmente assim?

Tenho muitos conhecidos, gente que gosto muito e sei que é recíproco, depois tenho aquela meia dúzia muito reduzida de amigos, que mesmo não estando fisicamente muito presentes, são aqueles que estão lá sempre. Valorizo-os muito, respeito-os, estimo-os ao máximo, se bem que deveria dar mais de mim, falta de tempo, assumo.

Recentemente ao falar com uma pessoa que conheci à muito pouco tempo, disse-me achar que não tem amigos, mas pessoas, que se aproximam por interesse. Aquilo causou-me desconforto, fiquei amargamente pensativo, como seria a vida daquela pessoa, se sente que não tem amigos, alguém em quem poder confiar, partilhar emoções, poder ser verdadeiramente franco, telefonar a qualquer instante, trocar um simples sms "olá, tudo bem? Gosto de ti amigo(a)", ter companhia para jantar ou uma simples ida ao cinema?

Dói-me ouvir isso, toca-me numa ferida que evito lembrar, sentirei um pouco isso também? Por vezes, alguns amigos passam para o patamar abaixo, dos conhecidos, por não corresponderem aquilo que espero deles que é uma única coisa: amizade sincera e verdadeira. Não gosto que falhem comigo, não gosto quando sinto que há essa tal aproximação quando interessa, e no momento em que preciso, não estão lá, sabendo eu que é apenas por falta de vontade. Fico sentido, desligo “a ficha” por uns dias, penso, reflito, volto a olhar em frente, mantendo a admiração e respeito pela pessoa, mas que passa logo para o patamar dos conhecidos. É triste quando tem de ser assim.

Não podemos adivinhar o futuro, não podemos ter a certeza dos amigos que iremos manter ou acrescentar. Fiquei com a sensação que essa pessoa que conheci à tão pouco tempo, irá fazer parte daqueles amigos muito muito próximos. Tem uma boa alma, boa disposição, de sorriso bonito e sincero e de ótimo aspeto. Gosto de gente assim, decidida, franca, que não se deixa influenciar, gente generosa, transparente e verdadeira.

Li esta frase pela net, não sei qual é o autor, mas partilha-a: "A amizade é como a música, duas cordas afinadas no mesmo tom vibram juntas".

Já não escrevia por cá à bastante tempo, só o faço quando me sinto capaz. Porque para mim escrever é uma terapia quando preciso de exteriorizar certas coisas. Obrigado aqueles que por cá passam e leem este meu cantinho.